três anos depois, e a consolidação da opinião.

É claro que algumas coisas nunca vão mudar. Mas toda essa inquietação para achar a beleza humana numa generalizada organização sem nexo só deixa a coisa mais feia. Eis a geração dos entorpecidos que "deixam a razão julgar os sentidos", e que depois saem às ruas ainda entorpecidos dizendo que tudo está errado - só não sabem o quê.

Agora, por que isso me incomoda? De início deixei a questão de lado, excluí-a do convívio diário que me era necessário. Ora, estraguem tudo à sua volta da forma que quiserem; na pior das hipóteses vou poder gritar "eu avisei", e há poucas coisas na vida que me dão mais prazer. Entretanto, não é bem assim. Como respeitar alguém que se entorpeça antes de uma aula importante de política? Ou seja qual que for a aula, seja de um assunto importante qualquer em qualquer momento; não são mentes expandidas, são mentes que mentem mentiras gostosas, e, ah, são gostosas.

Se você faz "arte" em qualquer sentido que seja, tudo bem, alguém vai gostar, muita gente, talvez. Nesse caso, talvez até expanda mesmo a mente, quem sabe. Mas um indivíduo desse quer ser líder governamental, de uma religião, de uma sala de aula. Entorpecido. Vindo de uma formação entorpecida que impediu a possibilidade de domínio do que faz ou deveria saber fazer mesmo quando entorpecido. Uma geração de preguiçosos que juram que conseguem, mas não conseguem. E aí sobra para o resto e, para mim.

Eu sobrevivo nos arredores dessa hipocrisia desmedida - adolescentes impulsivos e mimados que não sabem pelo que brigam e que juram que o desrespeito a eles é constante. Que desrespeito? Sequer ligam pelo quanto gritam porque já perdeu o sentido de tudo, e isso nada tem a ver com desrespeito. Ainda: que respeito? Isso é algo a se conquistar, bem como confiança. Não se tem respeito sem confiança. Não há o que respeitar em quem diz defender a classe operária mas, no momento que a luz se acaba, todo gato é pardo - e todo livro é meu, se der para eu carregar. E lasque-se o cara que vende os livros, se ele é um trabalhador, que vai ter que bancar os prejuízos. Ou que não perdem cinco minutos dentro de uma sala de aula mas brigam por bolsa de estudos porque não querem fazer nada monetizado para pagar o fiado do bar, que já estava quase impagável.

Eu quero distância, porque já experimentei da proximidade, e não é nada como aparecem naquelas imagens aleatórias de "revoluções de jovens" ou "força estudantil", ou ainda "poetas marginais". Existem maconheiros preguiçosos que escolheram cursos alternativos nas universidades públicas porque são gratuitas (não, não são músicos, filósofos, sociólogos ou antropólogos que fumam maconha - sutil mas exponente diferença), que sequer respeitam a si mesmos ou aos "companheiros". Escolhem os lugares pela tendência de romantizar a imagem de seus heróis. E que querem sempre mais. E que sugam forte as mamas do governo que odeiam por padrão e sequer perguntam de onde vem, e se era mais conveniente que outro tivesse. E que não pararão enquanto não sugarem tudo. Aí quando a merda explodir no ventilador e quando não tiverem mais o quê ou donde sugar, não vão saber o que fazer e vão culpar o governo, o capitalismo, a mim ou, quiçá suas respectivas mães. Mas nunca a si mesmos.

Ah, isso cansa minha beleza.

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