egofilia (na falta de algo melhor)

Dor de cabeça, dor na coluna, e eu aqui, melhor do que eu deveria estar. Talvez seja tudo uma mentira, mas é a coisa que mais se assemelha, a mim, à felicidade. A mente segue um padrão que os olhos determinam. Os olhos estão vidrados em um dourado pôr-do-sol, em sorrisos e gargalhadas; eles se alimentam de momentos, como aqueles dos quais as inclinações se constroem a si mesmas e as gravam para a posteridade, num cantinho especial.

Se eu pudesse colocar em um filme tudo que eu já passei nos últimos anos, a única certeza que eu tenho é de que essas memórias seriam o objetivo principal. Elas estão na prateleira das belas-artes, ao olhar - ao meu olhar. Sábio homem dizia que o homem só é feliz quando esquece-se do passado, na medida em que este é um fardo. Pois é, realmente, talvez seja só uma mentira, portanto - ora, pois! O que não é um fardo, nesses nossos dias tão estranhos, em que a poeira se esconde pelos cantos, Renato? - mas eu gosto de mentir pra mim mesmo - aliás, é um direito inalienável das pessoas, como as religiões e a política através dos tempos já fizeram questão de mostrar.

Em todo caso, especulações à parte, não me importo de cometer o mesmo erro todas as vezes. É assim que as amizades caminham, não? Perdoando e esperando que o mesmo seja feito por si? Eu perdôo a mim mesmo pelos erros que acometi ao meu ego. Mas, amigo que é, alguma coisa tem que servir de inspiração para que o ego se reconstrua, como um edifício feito por um homem só. E a afirmação de si jamais vai vir da negação e privação do ser. Esse é o perdão do qual eu preciso.

Comentários

Postagens mais visitadas