da instabilidade dos dias.

O estatuto da liberdade pra quem ama tem de ser o mesmo daquele que é amado. E é o acordar aos beijos e abraços, ao se devorarem à primeira luz do dia, como a se transformarem em personagens dos contos gregos. Ou à segunda, ou à nenhuma luz, à vontade ou à disposição. Ou de acordo com a agenda... Ou nem se devorarem, pois acordar em paz exige muito pouco movimento, principalmente aos domingos. Acordar sabendo do que se trata acordar, mesmo com a agenda cheia e os problemas latentes, sem a necessidade das perguntas chatas que o convívio traz, nem a necessidade de um olhar ou de uma palavra que raspe a superfície do amor mútuo, fazendo a primeira fenda.

Porque tudo que se precisa é a primeira fenda, claro. Uma rachadura no gelo fino sobre o lago congelado só precisa de um pequeno trincado para se desestabilizar e rachar por completo. É necessário, pois, que o amor cuide da superfície, que ela seja gasta o mais vagarosamente possível. E, quem sabe, há de ter o que se espera.

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