e aí,

O milagre da existência surge, fadado ao fracasso, perante o desejo de assim o ser. Ou ao sucesso, perante as coisas pensantes que lhe dá condição de existir. De pouco em pouco, tal milagre vai se desfazendo, ao minuto que passa, sem deixar vestígios outros que não os da memórias reservadas a si. E das memórias, em suas onipotentes sobrevidas, passam à eternidade, da qual só aqueles que merecem possuem um lugar. Espaço respeitável dentre os imortais, desejável dentre os mortais, sem sentido em ambos. 

Eis que, no entanto, os poderes daqueles que usufruem desta condição existem somente entre os mortais, pois a estes e por estes esse poder é cedido, ao passo que aos imortais nada existe, sequer existem a si mesmos além das memórias que aos mortais atribuímos. É ficção das belas, que fazem rir e chorar, ou ajoelhar aos prantos à noite. Qual o estatuto da imortalidade, pois, se não o das memórias? Memórias de imortais em babuínos tão mortais e limitados, que lhes gravam o nome na pedra que jaz em cada um destes que delas se lembram. 

E se esquecêssemos de Deus? Quebremos as pedras, pois.

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