das ações desesperadas,


A dissolução da Polícia Militar pregada por muita gente de esquerda, hoje, implicaria em um caos urbano. E é fato, não é uma atitude reacionária. Porque estamos, de certa forma, e seja bem ou mal, protegidos pelas ações e imagem - e talvez muito mais pela imagem do que pela ação que ela pratica -  que a sociedade tem dessa Polícia Militar. Se ela, então, fosse dissolvida, a imagem não existiria mais e, portanto, haveria mais pessoas mortas e pais e mães mortos e irmãos mortos pelo crime que, como disse, é mantido pela imagem que o estado impõe. Sem a imagem, portanto, o grande povo, ao qual imagino que essa luta anti-miliares seja voltada, vai sofrer, e em uma medida razoavelmente grande. E vão repugnar os idealizadores por trás dela.

Até porque, se tem que ter alguma mudança para o povo, o povo tem que consentir. E ele tem que estar preparado para arcar com as consequências disso, sejam boas ou ruins, e de fato não se mostram estar. Se você perguntar a alguém que trabalha numa laje em qualquer lugar por aí provavelmente você vai notar que eles não querem. Porque têm medo, mas não da Polícia Militar em si, mas da própria sociedade, se a mediação do Estado não existir. Se tem, potanto, que existir alguma mudança, não é em relação à Polícia Militar, mas em relação ao Estado como um todo, inclusive - e, talvez principalmente - do POVO. O povo é ruim, e foi estragado pelos moldes que lhes foram aplicados; concordo, no entanto, que a mudança cairia bem, mas uma mudança assim, impensada, mais prejudica do que ajuda.


Portanto, não vejo cabimento em, por exemplo, brigar com um PM porque ele simplesmente é um PM e está exercendo sua função, assim como um lixeiro que limpa as ruas. Brigue com ele por qualquer motivo, menos por exercer sua função. Em essência ele é um trabalhador digno, do Estado, assim como qualquer outro trabalhador a qual essa disputa é voltada, que serve para prover para os outros inseridos no Estado e, portanto, pais de família, assim como meu pai, por exemplo, que trabalha no campo. Se esse trabalhador é um trabalhador honesto ou não, é da índole individual. Se o lixeiro fizer algo de errado, terá consequências a ele. A um policial deve existir o mesmo senso de justiça.


E o fato de ele ter mais poder que você, por exemplo, não faz dele ruim, mas o faz carregar a necessidade de resposabilidade. Seu chefe tem mais poder que você, seu professor também. Isso não faz deles pessoas ruins ou maus profissionais; se eles são, porém, como disse, isso provém da índole individual, e é um erro generalizar de modo superficial, só para ter alguém para atacar.


Reitero: não digo que é bom ou ruim, não quero fazer julgamento de juízo, mas se existe mesmo um senso de coerência, tirar um dos pilares da sociedade moderna em questão de organização é pedir pra que toda a estrutura venha abaixo, porque ainda não foi proposto um pilar substituto ou uma engenharia nova que a deixe ser mais ou menos estável, assim como esta atual se mostra ser. Essa dissolução, portanto, estragaria muito mais do que se pretende arrumar, isso se a pretensão tiver algum fundamento real. 

Eu acho que é interessante ter cuidado ao salvar o que ou quem não possa, pelo menos temporariamente, ser salvo.

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