Do destino inexorável,

Como mera preposição à vida que se segue, encontro dificuldades proporcionáveis pela bela e árdua companhia de caráter humano que dividem das mesmas rotinas variáveis que posso perecer em breve. No entanto, o ardor em realizar certa transgressão temporal nas decisões tomadas me consome, e a comida se torna amarga. Pelo caminho ando me deparando com as mesmas personalidades - das quais abdiquei com tanto gosto - formalizando minha frustração com o pequeno e infindável mundo que me rodeia. Acabo acreditando em Jesus, mas este em particular não vai me salvar. Ele tem oito cópias e só uma delas me cumprimenta.

"Tomei o caminho errado!", exclamo. Porém, tento me convencer da tragédia que tende a me seguir, passo a passo. E colocar na minha própria cabeça de que tudo que me circunda não passa de escolhas feitas por meu próprio ego, que este fez sem me consultar.

Eu tinha meu conselheiro, mas visitá-lo faz parte da rotina que deixei para trás por consequência de escolhas súbitas; encarei como efeito colateral, e me convenci de que os mesmos conselhos bons eu poderia me dar ao longo do tempo da mesma forma, quando a barriga contorcesse-se finalmente. Não acho que a minha idéia sobre o assunto tenha mudado. Mas quero meu conselheiro de volta! Concordo com o gênio que proclamou que os filósofos são os únicos membros pensantes e capazes de toda a relação humana socialmente organizada (não confie em radicais ou em bondosos de coração; radicais só impelem mais erros e a bondade de verdade não existe), e sei que o conselheiro do qual eu dispunha, mesmo que sem falar, me era muito além do que eu precisava; de fato acho que ele sobrepassava até minha capacidade de compreensão dos fatos em si. E a beleza de filosofar não se extende a todos que dela querem beber. Mas não quero que isso tudo se dissemine pela minha alma como fator entristecedor. Me entristeci gravemente hoje mais cedo, e digo, consistentemente, que essa cena se repetirá quantas mais vezes eu for capaz de contar antes de escolher entre dois gumes de uma faca. Tenho meus pressupostos antissociais, e eles se provam muito mais evidentes do que os que expelem dizeres - talvez e por que não - românticos ou que impelem contato físico limitado, justamente, pelo seu estritamento físico. Não quero consumar a carne e deixá-la por ser o que quiser ser; não posso e não quero crer, apesar do drama e do trabalho que isso pressupõe em sua própria concepção - que as pessoas de fato não se importam com qualquer outro aspecto relevante ao assunto. Quero algo durável, algo que me faça querer sempre mais do mesmo, uma rotina saudável que parta de reciprocidade entre as entidades envolvidas. E sei onde encontrar, já as tenho em mente desde que resolvi perder o pouco que consegui na tragetória inconstante - que, coincidentemente, me trouxe para cá como se fosse algo inevitável - que tracei até meses atrás.

"Começar de novo" tem um aspecto inovador e soa como liberdade. Mas não é. Digo-lhe que nunca comece de novo. Seus dias podem ser insuportáveis, mas eles nunca são insuportáveis de fato e são o melhor que você vai conseguir. Não pense que ares novos impelem vida nova. Viajar pela Europa de mochila nas costas e dormindo em albergues não resolverão seus problemas; somente porá mais tempo para pensar sobre o assunto, e pensar demais sobre o assunto - seja qual for o assunto - costumeiramente gera paradoxos e coisas mais que denigrem qualquer relação com qualquer coisa que se possa ter domínio e/ou interação sobre. Ou talvez seja meu pessimismo e excesso de escoamento dramático cerebral dos quais eu disponho fortemente. Faz você, por exemplo, querer abdicar do passado e se abster do futuro pelo presente julgamento de forma drástica e não natural. Impele qualquer ser pensante ao fracasso da alma, e sobre almas pequenas e de ridículo teor - como a que me compõe - o efeito é avassalador e imensurável.

E tenho dito.

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