O ócio do filósofo

     É um efeito nostálgico, como aquele que se tem quando se acorda depois de um longo sono num domingo à tarde. Uma estranha sensação de consciência. Sim. Tento esquecer a todo instante, mas me pego num ócio sem fim, contemplando o entardecer, alimentando meus vícios e minhas angústias. Esse ser trágico que às vezes incomoda.
     Incomoda quando se está só, pois acompanhado de grandes amigos, ele se esvai nos copos de cerveja uruguaia e nos cigarros de menta. 
     O fato é que o ceticismo me tocou no âmago, corroeu minhas entranhas e minhas esperanças, gota a gota, dia após dia. O ceticismo me atingiu e ainda me atinge, a cada pulsar. É como o ar que se respira e habita nos pulmões sem querer sair. O ceticismo me atingiu em cheio.

      O ócio me impede às vezes até de escrever. Os pensamentos vêm e antes que eu possa reagir e apanhar o papel eles fogem.

     O ócio ocorre a nível físico, dentro de mim há pensamentos buscando vazão, e eles gritam, esperneiam, fazem dengo e choram, como choram meus pensamentos. Agem com tal violência e ímpeto destrutivo, que nunca cessam: explodem e devoram-se.

      Pronto. Sumiram...

Por Rudah Silva.

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