If you believe it

     Depois de algum tempo sofrendo, às vezes sua vontade principal se torna a vontade tudo se acabar, de morrer até, talvez. Não pela coisa suicida disso, mas porque sofrer é ruim; se não fosse, não doía. Logo, você pensa que uma saída possível seria, de fato, morrer. Não digo o sofrimento de bater um dedo contra uma quina, ou ser perfurado por um prego; me refiro a algo mais duradouro, seja qual ele for.

     Cheguei à conclusão que eu não quero morrer, no entanto. Porque isso me levaria para um longe que jamais se aproximará, novamente, do perto de chegar a ter o prazer de conhecer tudo que almejo conhecer - ou mais próximo, mas isso é incerto -. Não sou ignorante, mas desejaria saber meu propósito, ou no mínimo dar continuidade ao propósito de alguém que por ventura batesse com o meu perfil, ou minha habilidade de pensar. Não sou ignorante e, por isso, sofro. Por querer obter algo além do que eu tenho, por acreditar que esse além tem o presente da sabedoria à minha espera. Mas será tudo isso em vão, assim como a espera de um ônibus que passa sem parar em seu ponto? Será que brincar nesse ponto não é esperar muito pouco de si próprio? Ignorar cada carro que passa pode virar rotina, mas a rota que quero seguir, ah! Essa não gostaria de perder. 

     Sou ignorante; não sou e talvez nunca seja sábio, mas admiro o vir-a-ser. Suportaria alguns extremos pelo saber, como suporto meu tempo, meus pés descalços ou meu carro sem gasolina, em combinação com minha carteira vazia.


"I can forgive my injuries in the name of wisdom" (...)
"Words got me the wound and will get me well, if you believe it."
Lament - Morrison, James D.

Comentários

Postagens mais visitadas