Devaneio #2

*Fecha-se a porta do trem*

- Ei? Ei, garota? Me dá um abraço?
- Hum?
- Me dá um abraço.
- Por que deveria?
- Não deveria.
- Então, por que faria?
- Porque é gostoso.
- Hum... Não sei se posso.
- Mas admite que é gostoso.
- Bom... É.   
- Então me dá um abraço.
- Já disse, não sei se posso.
- Porque não poderia?
- Porque eu tenho medo de gostar.
- Era meu objetivo.
- Mas os prometi pra outro.
- Podes prometê-los pra mim também.
- E se eu não quiser?
- Você não quer?
- Não sei dizer...
- A dúvida é a inimiga da perfeição...
- Eu acho que é a beleza, não?
- Não preciso distinguir, você as têm ambas.
- Hum... Você fala bonito.
- Falo?
- Fala.
- Não era assim.
- E desde quando começou a ser?
- Não sei, mas é legal, não acha?
- Eu que o diga...
- Você não me respondeu.
- Sobre o quê?
- Me dá um abraço?
- De novo com isso?
- De novo, não – ainda.
- Engraçadinho.
- Me dá um abraço, vai?
- Ainda não sei se posso.
- Sempre se pode.
- Mas e quando eu ficar doente?
- O que tem?
- Arghh. Esquece.

*Ela desce, a porta se fecha - e ele não entende.*

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