Um mar morto.

     Um dia novo nasce, e gradativamente o porquê do salvador se torna claro como luz do dia. Eventualmente, o mesmo também acontece com a idéia de que melhor não quer dizer, necessariamente, completo. Nunca o é, de fato.

     Esforço pequeno e esforço nenhum quase sempre tem o mesmo efeito - o não-efeito, para ser específico - e foi exatamente o que me fez debruçar em um extenso gramado verde cercado de hipocrisia e consumismo vazio, com as mãos no rosto e lágrimas escorrendo de minhas entranhas. Injustiçado, desiludido e no alvorecer de me acostumar com dias chuvosos e meu arqui-inimigo, o grande e malvado trabalho.
 
     Influências ricas e completas de um perfeito espécime de nada, em sua forma mais incompleta circundam aquele alvoroçado gramado, onde gostaria eu, com meu mais profundo ser, de estar sentado ao pôr-do-sol, com um livro na mão; tão belas sardas de um lado, amigos apaixonados pelo mesmo não-inexistencialismo e pela crítica de tudo e de todos, do outro.
     Até a carne da minha carne, por assim dizer, tem essa fraqueza de não poder controlar suas tendências... Fracos não - simplesmente Influenciáveis. Ó, pobres criaturas de simples constituição e de complexa estupidez. Até quando? Quanto tempo pensam que isso tudo durará? Bonecos de pano inexistenciais que consistem de tudo o que há em volta, inclusive do que não é suposto a estar, e que mesmo com a sua influência não-inexistencial não conseguem de forma alguma penetrar tamanha barreira de nada em proporções tão astronômicas.

     Costumava acreditar nos bons e velhos tempos, onde a simplicidade era tomada como apenas mais uma forma de viver; não digo simplicidade como forma de simplesmente ignorar o que é rico em qualquer aspecto e apedrejá-lo como se fosse o grande lobo mau, e nós, pequenos leitõezinhos rosados e sorridentes; pelo contrário, saber discernir até onde na riqueza está intrínseca à beleza, e onde este limite deixa de ser belo. Não ter um sapato, antigamente, era um ótimo motivo para fazer uma canção. Hoje, não ter um chinelo que seja, significa simplesmente não ter um chinelo, e coisas a mais: pobre desmerecedor de respeito, excluído da sociedade sã, não-cidadão...

     Olhando dessas torres de TV, posso dizer exatamente onde está tal decência podre pregada sobre tais tendências vazias dessa massa.

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