Terror.


      Furinhos na janela.
    
     Olhares de crianças que varrem o interior mofado. Tudo que esperam é que aquele esforço outrora desconhecido valha a pena, murmúrios vindos de não se sabe onde costumavam acirrar os ânimos de ambos. Mesmo receosos, a curiosidade fala mais alto... Mal se sabem ler, já se encontram reagindo como animais, seus corpos no auge arrepiam-se com aquele ambiente.

     Paredes frias, fúria.
     Instintos aguçados; mais alguém pode chegar... Arriscando-se em escaladas desconhecidas por montanhas perfeitas, cobertas de algodão fino - talvez a melhor aventura. Não são necessários objetos fabricados; geralmente não permanecem em seus, até agora, tão censuráveis pontos, de qualquer forma.
     Aqueles sapatos voam com incrível agilidade, como copos lançados à parede das mãos de bêbados enfurecidos. Não há tempo para conversas, espaço para ruídos ou nervos para desculpas; as credenciais e suas respectivas desnecessidade ficaram no carro.
     Após o mundo admirar, com seus milenares olhos, seus filhos in natura, suas ramas querem por direito (ou talvez só por diversão) os controlar. Naturalmente o faz, são entregues à este fim desde quando vêem a luz pela primeira vez. O receio ao ambiente mofado e o áscuo ao recinto já ficaram para trás. Os pequenos raios de sol que entram pelas pequenas frestas irregulares da madeira podre se encarregam de iluminar o ambiente tenebroso. Estonteante saber que um toque foi o suficiente para desencadear o que por agora já está por findar. 
     Ainda tremendo, aliviam-se e respiram fundo, mal se olham; o áscuo e a sensatez começam a retornar, vagarosamente. Está acabado, frustração, talvez... Amanhã há de ser tudo divertido, enquanto é lembrado, até ser esquecido por completo.

     Até que nada volte a ter acontecido.

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