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É impressionante a patologia dos novos admiráveis dias: a ciência que comprova fatos com seus indubitáveis instrumentos é a nova forma de política axiomática do mundo; consequência da nossa versão, como a de um camaleão, de adaptação ao mundo. E, mais recentemente, isso veio a se vestir como fruto dos resquícios do monstro racional que sistematizou uma luta diária contra o devir mundano e, ao longo do tempo, a colocou dentro de um aquário hermeticamente fechado, para onde todos devem olhar se não souberem o que fazer. Transformamos a única capacidade de sobrevivência em privilégio inalienável, falamos altivos como se a inteligência e a capacidade de fazer cálculos matemáticos rigorosos fosse-nos a única natureza possível e, em consequência, dizemos que alguns dos nossos são piores que nós (e onde está o humour?) por ceder mais a uma face do que outra da natureza. 

E, por conta dessa patologia, daqui a quinhentos anos talvez apareça alguma coisa nova - quem sabe um novo ciclo evolutivo, ou uma extensão da ciência que "tudo vê" e tudo faz - que, sabe-se lá, crie uma ponte com o inefável e faça com que os pressupostos de hoje sejam os de uma idade da pedra, desevoluída. E haverá aqueles que defenderão a ignorância dos velhos dias e talvez tenham bigodes e uma loucura iminente; talvez, em contrapartida, existam partidários do dia do amanhã. Mas uma coisa não há de deixar de ser: há de haver guerras e brigas, uns quererão ser melhor do que os outros, uns que serão de fato melhores e outros que sofrerão por realmente serem piores, e estes se rebelarão. E será talvez assim porque é justamente o que nunca mudou. Coisas assim vão além de quão bem sabemos pensar ou arquitetar o mundo para que não caguemos no mato, e sim num buraco úmido dentro de seu apartamento. É aquilo que somos, seja em mãos uma pedra ou um projetor holográfico.

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