Auxílio-emprego

[Aquele que não se depara com a miséria do trabalho, ou não sabe enxergá-la mesmo sob seu nariz ou sob quaisquer circunstâncias que, devido a sua alta dosagem de obviosidade, talvez pudessem pôr um elefante adulto para dormir, talvez jamais perceberá a ironia que supõe esse texto. Aos demais, peço que foquem no teor auxiliar que esta carta provém, e que ela seja vista com, primordialmente, desdém e, ao longo de sua digestão, talvez com aquele conformismo que compartilho com meus compatriotas, em forma de orgulho nacional. À noção sobre "trabalho" e suas implicações, esta, abaixo, compartilha que este companheiro que assina o documento se encaixe em algum perfil citado. Deixo a você, possível leitor, a tarefa de um pensamento mais crítico e/ou profundo acerca de seu significado, não cabendo a mais ninguém essa análise. Por fim, gostaria de dizer que o contexto é tudo na vida; por que não, então, em uma carta - ou melhor, esta carta?]

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Campinas, 05 de agosto de 2010.

    Sra. Maria José di Santo,

    Venho por meio desta frizar uma solicitação que já é de seu conhecimento, sobre a diminuição da minha carga horária - que, atualmente, é 10h/dia - ou aumento de salário. Quando eu apresentei a solicitação, fui informado, de contra-proposta, a diminuição da carga horária para 9:20h/dia, que era, de fato, a minha preferência.

    Pois bem: eu trabalho bastante e sou esforçado; quando precisam de uma coisa nos computadores ou com relação aos alunos eu vou atrás, uso meu tempo livre para me informar e/ou adiquirir conteúdo. E para chegar na escola pego ônibus (~50min de ida e volta, horário de pico) e tenho, por dia, de 2:30h a 3h de tempo livre para minhas necessidades pessoais. Isto está me deixando estressado, estou perdendo meu senso de humor e não estou conseguindo dormir direito. Penso que estresse psicológico é um dos fatores de diminuição no desempenho de qualquer um, independente se esse qualquer um for um pedreiro ou um agente de viagens. Diminuição de quarenta minutos por dia a menos é muito pouco. Não quero parecer ingrato - tanto que agradeço e muito terem levado em consideração minha solicitação - mas preciso de mais. Eu imagino que conversar seja a melhor forma sempre, mesmo porque eu preciso do emprego, e imagino que, vocês, de um funcionário. Só não posso deixar isso afetar minha vida de uma forma ruim.

    Peço que leve em consideração todos esses fatores que citei acima, todos são importantes. Digo-lhe: gosto de trabalhar aqui, por isso estou levantando o assunto mais uma vez, porque gostaria de chegar num acordo plausível para ambas as partes. E agradeço desde já pela atenção.

No aguardo,
Henrique B. Signoretti.