E denovo, denovo...
Mais um dia no trabalho. Pés cansados. Devido aos esforços demasiados para gastar aquela habituosa remuneração do dia cinco, as canelas doem - e todo o resto também. Esse ambiente sujo, meus olhos estão a lacrimejar-se - antes por alegria ou tristeza. Ainda terei minhas chances de alavancar-me.
O ano chega a seu fim. Eu, em minha monótona vida.
Contas chegam com datas de vencimento para o ano subsequente.
Estava imaginando com meus botões qual será o meu próprio, se eu teria de pagar algo a alguém quando este chegar. Pensei em ser otimista; poderia desejar tudo de bom a todo mundo, fazer uma carta pr'uns amigos, dar-lhes presentes e embebedar-me até a memória falhar, antes de minhas contas vencerem. Porém, não é o que eu quero. Nem chega perto disso, aliás (com excessão da marvada). Sem contar que memória não falha, não quando eu presumo que isto deveria acontecer. As charmosas manchas sobre a pele, o formato do rosto. Sabe, eu imagino o porquê de tanta aderência a UMA imagem, uma única, e o porquê de ela remanescer. Podia me prender à arte, podia me prender a estudos; os farei ambos, de fato, e em pouco tempo mas, ao presente momento, a escultura humana me distrai e me prende de forma a me deformar.
Velhos murmúrios, murmúrios ao vento. Imagino onde isto há de chegar, nessa balsa fina... Choquei-me tantas vezes com as pedras do cais que quase aprendi a remar. Joguei meus amigos ao mar, assim pude perceber os que flutuam, tal como os grãos de feijão. Em paradoxo, os que me valem o tempo vão ao fundo, e os que flutuam, bem... eles flutuam.
Tão bom ser sua amiga... Eu certamente boiarei quando você me atirar ao mar!
ResponderExcluirBeijos